A pesquisas, a Internet e as disputas eleitorais. Adeus aos Odoricos.

Estamos há um ano das eleições de 2016.  Os prefeitos e vereadores que sabem da importância da informação para avaliar mandatos e alterarem rumos estão há um bom tempo  trabalhando com as ferramentas da ciência política, como as pesquisas quantitativas, qualitativas e com tecnologias de internet.

A primeira pesquisa, a mais longa e a mais custosa é a pesquisa de diagnóstico da situação administrativa do município e dos mandatos parlamentares. Hoje eu diria que 99% dos vereadores e 90% dos prefeitos não utilizam estas ferramentas estratégicas. Todos acham que podem resolver uma eleição, tão somente nos seis meses que antecedem as disputas.

Esta mesma postura estratégica vale também para os opositores. Uma oposição bem construída e planejada deve conhecer os pontos fortes e fracos do grupo que está no poder executivo. Assim como, os aspirantes a um mandato parlamentar devem pensar em  construir seu trabalho com pelo menos dois anos de antecedência, utilizando ferramentas essencialmente de ação em redes.

As pesquisas de intenções de votos há um ano das eleições, indica tão somente tendências fracas da opinião dos eleitores. Digo fraca, porque os eleitores não estão voltados para a temática eleitoral e sequer, têm informação mais detalhada, tanto do desempenho do prefeito como também dos possíveis opositores ao grupo que está no poder.

Mas para os  governantes uma  pesquisa deveria ser executada desde o primeiro ano de gestão. Cada secretaria de governo  deveria ser sistematicamente avaliada, a partir da percepção popular sobre o desempenho de cada secretário e do prefeito. Mas eu diria que no estado do Pará nossos governantes municipais ainda pensam que podem decidir uma eleição às vésperas das eleições com base no uso da máquina de governo e com a utilização da famosa boca de urna.

Um governante municipal é capaz de gastar  uma fortuna em cesta básica, kit construção civil e boca de urna, mas acha caro pagar  vinte mil reais   por uma pesquisa de diagnóstico de gestão ou mandato.  Como  a maioria dos institutos locais vivem na dificuldade de trabalho, acabam por fazer pesquisas  precárias,  por sub remunerar os  entrevistadores colhendo como resultado um alto risco de virem a  receber o troco destes entrevistadores, a partir de coleta precária.

Hoje temos ferramentas para realizar pesquisas quali-quantitativas que podem desnudar com precisão a percepção popular em torno da imagem do prefeito, da gestão e do desempenho dos parlamentares.

Temos uma vigorosa sociedade de informação em que os detentores de mandatos políticos ainda estão longe de perceber como fundantes da ação política. Estudos indicam que a sociedade permanece dez horas por dia logada na internet e nas redes sociais em particular. Enquanto isso tão somente 2% da sociedade lê jornal impresso ou ouvem as rádios. Na televisão a grande massa da sociedade se  liga diretamente nas novelas, esporte  e filmes. Nos horários dos tele-jornais poucos ficam à frente do aparelho.

Hoje se desenvolve com força a relação entre  internet e política. Nesta, imagens são disputadas. Estas imagens podem ser construídas, reforçadas ou destruídas, dependendo da capacidade de cada ator político jogar este jogo virtual. Um candidato majoritário ou proporcional que ignorar esta ferramenta poderá ver sua imagem distorcida gravemente por seus adversários.  Aécio Neves “detonou” a Marina Silva às vésperas do primeiro turno pelas redes sociais.

Hoje, um candidato à reeleição de prefeito já se encontra em situação fragilizada com seu mandato se não dispõe de informações continuadas sobre a percepção popular de seu mandato.  A ciência política detém ferramentas para percebermos qual é a percepção da sociedade sobre a imagem do prefeito e de sua gestão. Este diagnóstico se dá em vários campos: pesquisas de campo quali-quantitativa, pesquisas na internet.

A ciência política tem mecanismo de mensurar o grau de aceitação/rejeição do prefeito por distritos municipais. O prefeito tem de saber que vivemos em época de recursos escassos e deve tentar responder as seguintes perguntas:  como racionalizo os serviços meio da administração para gastar mais com as atividades fins? Como reduzo gastos com asseio, conservação e segurança, melhorando os serviços e diminuindo custos?  Como trabalho com os serviços de saneamento buscando atingir a maioria da sociedade sabendo que será impossível atingir toda a sociedade, como faço esta estratégia?

Não basta ter obras e serviços, é preciso que toda a sociedade saiba de suas obras físicas e infra estruturais. Mas as classes médias adoram saber de ações que visem melhorar a escola básica, que criem políticas de geração de emprego e renda para os mais desfavorecidos, que invista pesado em esporte e cultura para disputar as crianças das periferias com o narcotráfico.

Ou seja, cada obra, serviços e políticas têm de ser do conhecimento de toda a sociedade. A questão é simples: se você atinge com serviços e políticas os 30% da sociedade mais fragilizada socialmente, é fundamental que as classes médias saibam destas políticas públicas. É assim que se ganha boa avaliação das classes mais favorecida, se habilitando para vir a atingir a preferência da maioria necessária do eleitorado rumo à vitória eleitoral.

Prefeito que opera sem visão estratégica de mandato e pulveriza os parcos recursos de que dispõe, é candidato a derrota.  Os recursos têm de ser gastos a partir de planejamento para a vitória. Obter vitória significa agradar a maioria da sociedade na realização de obras de saneamento  e saúde para as periferias, informação política qualificada, serviços de segurança e transportes para as classes médias.

Em tempos de recursos escassos e do repúdio à política e aos políticos, talvez a internet informe mais e melhor do que os veículos tradicionais como rádio, TV e Jornais escritos. Creio que estes veículos em breve migrarão em massa para o mundo virtual.  Lembremos, a sociedade permanece 10 horas por dia logada nas redes sociais.  Hoje os Odoricos da política municipal morrerão como ontem morreram os coronéis da primeira república, ou seja, foram superados pelo advento da  sociedade industrial, informacional e urbana.

Tenho dito.

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