Existem muitas maneiras de discutir o escândalo do Petrolão, que neste momento ocupa todo o noticiário nacional. As empresas midiáticas fazem seu macro espetáculo em torno deste tipo de acontecimento. Afinal são as espetaculosidades que garantem grandes audiências.


Como  dizia o poeta: de loucos e de cientistas políticos todos temos um pouco, neste momento estamos assistindo três tipos de análises:1- a dos apaixonados da situação, 2-a dos apaixonados da oposição, e 3-aqueles que tentam fazer uma análise desapaixonada.

Dentre governistas e oposicionistas existem um fato comum: todos tentam “puxar a sardinha para sua brasa”. Ou seja, a paixão suplanta a razão. Em síntese, como diria Weber, a ética da responsabilidade é a marca da ação do político: a oposição aparece atacando com um discurso moralista e a situação rebate: somos todos iguais no trato da coisa pública;

Neste momento, a sociedade brasileira está envolta e revoltada com  o saque que foi descoberto na Petrobrás, e talvez em todas as empresas controlada pelo Estado brasileiro. A situação está na “corda do octógono” e a oposição está em plena ofensiva: o 15 de março será um termômetro para projetarmos o alcance do “Fora Dilma”.

O Petrolão e o mensalão são a ponta do iceberg de placas tectônicas que movem os fatores causais que induzem e premiam aqueles que usam o pragmatismo na luta política. que são as instituições, regras e normas que organizam a competição eleitoral e partidária brasileira.

Neste momento as superes e megas empresas da construção civil encabeçam a lista de corruptores que vem agindo sobre o governo e a classe política nacional. No âmago do modus operandis destas empresas está a relação entre financiamento de campanha, manipulação de licitação e alocação de obras aos megas financiadores de campanha.

Este mecanismo incorpora todos os  partidos governantes, tanto na esfera  federal como na esfera estadual e municipal. As investigações da Procuradoria Geral e da Polícia Federal vêm revelando com riqueza de dados  a intricada rede de corrupção que engloba empresas, políticos, burocratas e instituições estatais.

Portanto, aqueles políticos oposicionistas oriundos de partidos que são governantes nas esferas estaduais e municipais ou já ´governaram no plano federal  que aparecem bradando contra a corrupção e impunidade,  só convencem mesmo os seus correligionários.

O governo Dilma encontra-se profundamente isolado  na sociedade brasileira, mais em consequência do ajuste fiscal em curso, do que em consequência do escândalo do Petrolão. Mais uma constatação devemos firmar: a oposição e os direitistas estão surfando nesta onda anti-governo, e a parcela da sociedade que apoia o governo está perplexa e recuada com os tarifaços, aumentos de juros e com o escândalo do Petrolão.

Em outras palavras, não existe partido governista “santo” dentro do sistema político brasileiro. Seria toda a classe política brasileira corrupta? Creio que a é resposta é não: existem aqueles que se recusam a aceitar a regra do jogo, e não estão com as mãos sujas.  Seguramente estes poucos políticos e um ou dois partidos estão fora da competição política nacional e estadual. Afinal, quem não usa as regras em seu favor está condenado a ser derrotado. Portanto, a solução para quebrar a simbiose corrupta entre empresas, governos e políticos, passa por uma reforma política que proíba o financiamento empresarial das campanhas eleitorais.

Do ponto de vista da evolução da conjuntura política, a oposição buscará enfraquecer ao máximo o governo. Aliás, assim agem os oposicionistas em qualquer parte do mundo democrático. O governo vem demonstrando enorme incompetência para agir no contexto desta crise: a perda da mesa diretora da câmara dos deputados reflete a baixa capacidade política do novo entourage da presidente Dilma.

A presença dos presidentes da câmara dos deputados e do senado na lista do Procurador Geral da República tira força do congresso frente ao escândalo do petróleo. Os rumos desta crise estará condicionado à capacidade de mobilização social dos setores oposicionistas e à capacidade do governo em concertar sua ação com sua base aliada no congresso e com os partidos políticos.

Seguramente, quem vem produzindo grande propulsão  anti-governista é a grande mídia, em especial a rede globo. Neste sábado todo o tempo do jornal nacional foi dedicado ao petróleo. A rede globo e seus jornalistas que exigiam ajuste fiscal, hoje bradam contra as medidas fiscais que atingem, fundamentalmente,  a classe média e a classe empresarial.

Eu, pessoalmente me sinto  atingido pelas medidas fiscais, de conteúdo moderadamente liberal. Mais reconheço que a maioria da população vem sendo preservada pelo governo federal. Creio que Dilma vem administrando um remédio amargo...mais não é nenhum “fel”. Fel seria um remédio ultra liberal.

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