Todo o conhecimento produzido pela humanidade, multiplicou-se em escala exponencial nos últimos 30 anos. A revolução científica e tecnológica iniciada a partir do início da década de 1980 não para um só dia. Inventos fantásticos no campo da eletroeletrônica, informática e robótica ficam obsoletos em questões de meses.

No terreno das ciências sociais existe uma corrida para tentar entender e oferecer explicações para a nova sociedade que está emergindo no interior deste contexto volátil. Parece que cada vez mais crises sistêmicas ou setorizadas em países chaves dos sistemas econômicos mundial têm repercussão direto nos demais países do globo.

O mundo se relaciona cada vez mais em rede, seja a rede de Estados, como os blocos de países, seja em rede a partir das articulações da sociedade civil mundial, que se articula a partir de grandes questões como: meio ambiente, trabalho, criança e adolescentes, educação, cultura, Direitos Humanos, Saúde, etc.

Todos os países devem se comportar à luz da interdependência global. Falar hoje em propostas de um nacionalismo autárquico para enfrentar crises como da imigração, mercado de trabalho e violência, significa respostas superadas para macroproblemas globais que incidem diretamente sobre cada país, principalmente, os centrais.

Mesmo no contexto da interdependência irreversível, nenhum Estado, mesmo aqueles que se autodenominam de ultraliberais, como os Estados Unidos, deixam de proteger sua indústria, seu mercado e sua sociedade.  No início do século XXI podemos afirmar que existiram diversas experiências de sociedades bem-sucedidas.

Desde a experiência americana tendo por base um Estado Liberal, até a Suécia e seus vizinhos, tendo por base Estados de Bem-Estar Social, podemos concluir que pode-se chegar a uma boa sociedade a partir de modelos distintos de Estados. E mais, modelo estatal ou liberal ascenderam no interior de determinada estruturação ou reestruturação do sistema econômico mundial.

Nos primórdios do sistema capitalista, o liberalismo clássico baseado na concorrência predadora e na força militar impulsionou a Inglaterra e depois os Estados Unidos como potências hegemônicas. A partir da competição darwinista entre os países eclodiu a primeira e a segunda guerra mundial e com ela foi catapultada a noção de que as forças do mercado são capazes de produzir uma sociedade bem ordenada.

A partir do crash da bolsa de Nova York e da primeira e da segunda guerra mundial emergiram novos modelos de governo, agora baseados no Estado: fascismo, nazismo, socialismo soviético e Social Democracia foram resposta à falência do Estado Liberal Clássico. O estatismo passa a ser um modelo hegemônico na Eurásia e em países periféricos do sistema econômico mundial. Até nos Estados Unidos, em 1933, surgiu o New Deal.

No mundo capitalista o modelo estatista entra em crise a partir dos anos 80 do século XX, tendo como consequência a onda neoliberal, em escala global que atingiu a Europa, EUA e América Latina. Esta crise leva de roldão a União Soviética e seus satélites na Europa do Leste. Esta onda neoliberal chega ao fim na primeira década do século XXI. E assim reinicia um círculo do fortalecimento dos modelos estatistas, que parece estar em ocaso cíclico.

O ciclo de governo socialistas, social democratas e trabalhistas dominou a Europa, a América Latina e os Estados Unidos na primeira década do século XXI. Com a incapacidade destes governos em oferecer soluções satisfatórias às suas sociedades está em curso uma nova onda liberal e direitistas na Europa, Estados Unidos e América Latina.

Neste momento vivemos uma crise inédita nos governos dos países do centro e da periferia do sistema econômico mundial. Alternativas à direita, à esquerda e ao centro não conseguem mais dar resposta minimamente duradoura à suas sociedades. A esquerda não consegue mais produzir políticas sociais por causa da escassez de recursos. A direita não consegue cortar gastos para viabilizar seus governos de austeridade porque os congressos, presos à lógica eleitoral não aceitam assumir os ônus das políticas impopulares, assim todas as medidas de arrocho são mitigadas.

Os políticos, os governos e os partidos ainda não perceberam que estas crises em cursos não conseguem se enfrentadas e debeladas no interior dos governos nacionais, porque esta crise não tem origem endógena, mas exógena. Mesmo que se faça todos os ajustes possíveis, mesmo assim não resolve a questão de fluxo e refluxo de mercadorias, capitais e da divisão internacional do trabalho.

O primeiro pressuposto para um governo nacional pensar em enfrentar a crise é ter a clareza que esta situação só se enfrenta a partir de uma organização em rede, tanto em nível de Estado, governos, como em nível da participação ativa na sociedade civil internacional organizada em rede. Não é possível que se deixe que instituições isoladas como Banco Mundial, FED, FMI, OTAN e Corporações Multinacionais continuem a ditar, sem controle social, a agenda econômica, ambiental e social mundial.

Os governos dos Estados Nacionais devem ser cada vez mais ativos na proteção de seus interesses econômicos, sociais, ambientais e políticos em escala supranacional. Assumir posições políticas internacionais a partir discursos ideológicos  ingênuos nas relações entre os países é o mesmo que se retirar das disputas em torno de recursos escassos no campo dos capitais, dos mercados, do trabalho e de uma frente civilizatória em defesa da democracia e dos Direitos Humanos em escala planetária.

A sociedade brasileira hoje vive a antítese de tudo aquilo que se refere a ter um governo e um presidente que esteja atento a este diagnóstico holístico das situações dos governos nacionais em escala global. Nosso presidente vive a conspirar contra o patrimônio público estratégico a partir de discurso arrecadacionista.

Nosso governo deixa de se posicionar como mediador nos conflitos regionais da américa latina e se posiciona como um ator que agride os governos vizinhos ao se imiscuir em questões internas. Enquanto isso, o Brasil perde espaço no G-20 e é ignorado no G-8. De fato,  estamos na contramão da conjuntura global. Que 2018 chegue urgente e leve com ele este comandante do exército de brancaleone.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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