1-O Brasil vive turbulências políticas desde o início de 2015.  A crise econômica iniciada em fins de 2014 e aprofundada em 2015, não pode ser enfrentada porque o baixo clero da câmara dos deputados, liderados pelo presidente da CASA, Eduardo Cunha e o PMDB inviabilizaram qualquer iniciativa de combate à crise econômica no curso do governo Dilma-.

2-Esta aguda crise econômica dinamitada pela pauta bomba do PMDB e seus aliados é conectada com as denúncias de corrupção na Petrobrás. Entrando na agenda pública com muita força a crise econômica aguda e a corrupção, embaladas pelo espetáculo midiático capitaneado pela Rede globo que transformou em culpados de todos os males em curso Dilma, Lula e o PT.

3-AS classes médias  incorporaram o dever “cívico” de lutar contra o mal que vinha assolando o Brasil, e este mal era personificado no PT e em toda a esquerda que vinha governando o Brasil desde 2003. Este embate produziu a primeira luta política de classes sem “embaçamento”, no Brasil, que vem se politizando e se agudizando nos últimos 3 anos.

4-Com o  torpedeamento do governo federal pelo PMDB e por Eduardo Cunha, Dilma chegou a índices de popularidade de menos de dois dígitos. Neste momento, o vice presidente da república Michel Temer assumiu pessoalmente a coordenação de uma ação concertada com o PMDB e demais partidos de centro direita para a derrubada da presidente Dilma, produzindo a admissibilidade do pedido de impeachment da presente da república.

5-Com o governo do Brasil paralisado, com a evolução da crise econômica, com os escândalos de corrupção em curso, com o espetáculo midiático se materializando em transmissão AO VIVO das grandes mobilizações  pelo impeachment, a câmara dos deputados e o senado impediram a presidente Dilma e acabaram com o governo e seu programa eleito em 2014.

6-O impeachment da presidente Dilma foi ilegal, apesar de chancelado pelo Supremo Tribunal Federal-STF. Foi ilegal porque os motivos alegados para a cassação não se sustentaram, não se sustenta e não se sustentarão perante a história do Brasil. Cassaram o mandato de uma presidente com base em pedaladas fiscais, ou seja, remanejamento de orçamento da União para pagar BOLSA FAMÍLIA. Em todo o mundo estes motivos foram desdenhados. Portanto, apesar da chancela do STF a esta decisão política da câmara e do senado, podemos classificar  o impedimento da presidente Dilma como um  Golpe de Estado, uma vez que a legislação foi interpretada de forma casuística e à revelia da lei do impeachment.

7-O papel pro ativo do STF e de outras instâncias superiores  da justiça brasileira têm materializado comportamento ambíguo. Quando se trata de investigar e punir os comandantes do PT atua de forma eficaz e eficiente. Quando se trata de punir líderes como Aécio, Serra, Azeredo, Temer e seus auxiliares, atua de acordo com o famoso FILHOTISMO dos tempos República Velha: aos amigos os favores da lei, aos inimigos os rigores da lei.

8-Neste momento estão claramente envolvidos com os escândalos de corrupção no Brasil, o PT, o PMDB, o PSDB, o PP, o DEM, o PR e outros partidos menos importantes. Mas tenhamos certeza, se esta sanha anti  esquerda da justiça brasileira continuar a evoluir , em breve assistiremos a assédios jurídicos que visarão cassar o registro do PT.

9-Parece que neste momento a alta justiça brasileira funciona como a ponta de lança de um grande arcabouço classista formado pela grandes federações patronais e financeira, os grandes meios de comunicação e que conta como sua infantaria, com um exército formado por uma classe média sedenta de culpados pela sua decadência econômica em curso, num contexto de empobrecimento dos mais pobres e de enriquecimento dos mais ricos.

10-Mas o comando anti PT está vendo assombrado  as pesquisas eleitorais presidenciais, Lula aparece como o eventual presidente da república a partir de janeiro de 2019. Então está em curso um movimento coordenado para retirar Lula da competição presidencial. E a ferramenta deste segundo golpe, agora de caráter político, passa por remover esta candidatura da competição eleitoral de 2018.

11-A única possibilidade de incriminar Lula seria provar seu envolvimento com os escândalos de corrupção em curso. Não existe prova material. Então buscou-se um condenado a 40 anos de prisão por corrupção, o empresário Léo Pinheiro da OAS e lhe ofereceram delação premiada para que o mesmo afirmasse que o apartamento tríplex do Guarujá pertence a Lula e que foi recebido a título de propina, mesmo que este imóvel esteja registrado em cartório em nome da construtora OAS. Então, Léo teve reduzida sua pena para poucos anos de prisão.

12-E com base em uma delação premiada obtida sob forte coação das autoridades do Ministério Público, a justiça  federal condenou Lula por corrupção e Lavagem de dinheiro em duas instâncias e agora promove a sua prisão. Mesmo sem existir prova material, mesmo com depoimento de testemunhas obtidas após serem condenadas, nossas instâncias superiores de justiça fazem vistas grossas à presunção de inocência e dão aval a esta brutalidade jurídica cometida contra o ex presidente Lula.

13-Mas os artífices do impedimento de Lula esquecem que as massas populares se educam na vida rotineira e prática. A cada dia que o governo Temer e o congresso atacam as políticas sociais no Brasil, vigentes principalmente a partir dos governo Lula da Silva, mais a população enxerga Lula e o PT como seus aliados. Não adianta discurso ideológicos, as massas empobrecidas, de formação judaico cristã são leais aos seus benfeitores.

14-Lula e o PT serão atores chaves nas eleições de 2018. Um terço dos eleitores de Lula seguem sua orientação de voto. Venho acompanhando as massas empobrecidas reclamando da queda de sua qualidade de vida desde a ascensão de Temer ao poder e falam com saudade, dos tempos de Lula e Dilma. Até setores empobrecidos anti petistas já afirmam que votarão no candidato petista.  As classes médias do setor público fazem um caminho de volta à candidatos que representam políticas sociais em 2018.

15-Acredito, piamente, que a esquerda brasileira e seus candidatos terão grande desempenho nas eleições de 2018 no Brasil, e caso não vençam estas eleições, estarão cacifadas para o retorno ao poder a partir de 2020. Faço esta afirmação porque o receituário neoliberal está morto e seus signatários continuam cegos buscando agradar os detentores do capital.

16-Até Trump busca proteger a economia de seu país, enquanto no Brasil as elites induzem o governo Temer a materialização de uma política ortodoxa que tem sua espinha dorsal no arrocho salarial do funcionalismo,  na flexibilização dos direitos trabalhistas em favor do capital, no corte dos gastos sociais e na destruição do pré-sal como fomentador e indutor de uma política de desenvolvimento nacional com qualidade de vida ao povo brasileiro. Aí não tem como não sentir saudades do governo Lula.

17-A elite conservadora brasileira, que tinha perdido o comando do governo federal se rearticulou, retomou o governo federal , articulou o congresso e os tribunais e fechou um acordo classista com a grande mídia, principalmente da televisão aberta brasileira.

18-Esta é uma ação altamente sofisticada, com base no soft power tupiniquim, pois trabalha habilmente com as regras do jogo e a partir desta enquadra seus grandes inimigos políticos, dando ares de legalidade e justiça distributiva. De fato, a direita formou seus quadros assessores nos melhores cursos de ciência política do mundo ocidental. E mais, tem nos comentaristas especializados das redes de TV, o legitimadores desta desordem travestida de ordem jurídica.

19-Mas o que os formuladores sofisticados deste conjunto de ações antidemocráticas não contam é com a adesão popular às suas políticas anti populares. Esta direita sofisticada não tem quadros políticos reconhecidos por serem honestos e produtores de políticas sociais. Num contexto de crise econômico e escassez de recursos públicos, a direita soft enfrenta o pesadelo de ver Lula e o PT terem papeis decisivos no processo eleitoral de 2018 no Brasil.

20-Para que a sociedade brasileira venha a perceber a farsa em curso será necessário uma ampla frente de cento esquerda, de conteúdo democrática que discuta nas redes sociais, nas comunidades, nas entidades representativas e em eventos públicos as alternativas políticas que venha a formular um projeto para os 200 milhões de brasileiros, isolando esta política em curso   que só incorpora a metade da população brasileira e transforma 100 milhões na ralé do sexto século.

Quem me conhece sabe que não tenho filiação partidária há duas décadas. Mas jogo no time do redistributivismo, que significa lutar por políticas públicas que visam a distribuição de renda.

 

Tenho dito.

 

 

 

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